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Martin Hilbert: “A maioria dos indivíduos da espécie humana confia sua vida à Inteligência Artificial, todos os dias”

Seu site leva seu nome e nele estão disponíveis todas os posts e estudos nos quais trabalhou, seus vídeos, entrevistas e publicações científicas, além, é claro de conteúdo de redes sociais. Nosso entrevistado é, provavelmente, o “peixe” mais estranho nas águas de TICAL e do Encontro de e-Ciência pois, diferentemente de todos os que até hoje passaram pelas sessões plenárias, ele não vem do mundo das tecnologias nem das ciências “duras”, mas das humanas; é professor de Comunicação da Universidade da Califórnia (Davis, Estados Unidos). Esta é a uma das atividades de Martin Hilbert, especialista em Big Data que irá a TICAL2018 para compartilhar sua experiência na utilização do big data para o desenvolvimento de modelos complexos e políticas públicas.

William Confalonieri: “As tecnologias de informação provocaram uma total disrupção no modelo universitário”

Como começa a história que leva um argentino a mover sua família - com três crianças muito pequenas - para viver na Austrália e se tornar uma espécie de astro do rock no mundo das TIC e do complexo cenário universitário? Com a necessidade de oferecer a eles uma melhor qualidade de vida. Esta foi a razão que levou William Confalonieri a uma jornada que, entre outras coisas, lhe rendeu o Prêmio CIO do Australian Executive Awards (CEO Magazine) em 2016 e prêmio CIO do ano de 2018, concedido pela IT News, que reconheceu o projeto Deakin Genie como a melhor projeto de TI da Austrália. Em setembro, Confalonieri será um dos protagonistas das sessões plenárias de TICAL2018 e do 2º Encontro Latinoamericano de e-Ciência. Convidamos você a embarcar nessa entrevista que seguramente despertará seu desejo de conhecê-lo e aproveitar ao máximo as possibilidades de aprender com sua experiência. 

María José López Pourailly

Qual é, em sua opinião, a contribuição da digitalização para o trabalho universitário?

Bem, se entendermos a digitalização em seu sentido mais amplo, ou seja, a contribuição das TIC e inovações digitais, eu diria que a contribuição para a universidade e para o modelo universitário é enorme, pelo menos no modelo em que eu trabalho. A tecnologia, basicamente, é parte do coração de todas as operações, desde a gestão de processos da parte profissional e administrativa da universidade, até o fornecimento de plataformas para ensino e aprendizagem, laboratórios, experiências e suporte à vida do estudante em geral. Tudo tem um grande componente de tecnologia. Por outro lado, a tecnologia e a digitalização estão afetando e mudando permanentemente a pedagogia, a maneira pela qual o serviço de ensino é aplicado. Esse é um componente importante. Finalmente, estamos entrando em uma era em que a tecnologia digital e a inovação estão impactando as organizações, não apenas as universidades, mas todas as organizações. De forma mais intensa, aquelas dedicados a fornecer serviços, que são afetadas desde a base. 

O nível de mudança necessário para sobreviver nos próximos anos é enorme e apenas as organizações que sejam capazes de ver o que é necessário e de se adaptarem nesse sentido sobreviverão no longo prazo. Novamente, o "driver", a motivação dessa mudança, é a tecnologia e digitalização.

Como foi tomada a decisão de construir uma agenda de transformação digital até o ano 2020 para a Universidade Deakin?

Bem, não foi uma decisão minha. No início de 2012 fui recrutado pela universidade, depois da chegada de sua nova presidente. Ela tinha uma visão muito clara de que Deakin tinha que tirar proveito de todo o movimento digital que parecia transformar o mundo. Como consequência disso, fui escolhido como o primeiro CIO que a universidade teve; antes havia uma função de suporte de TI para a universidade, mas fui escolhido com um mandato, o de colocar Deakin como um dos líderes globais em termos de inovação digital.

A descrição do meu papel era de que não deveríamos ser apenas um fornecedor de serviços, mas que a TI deveria influenciar a estratégia da universidade na direção certa para que fôssemos bem sucedidos e sobrevivêssemos às diferentes ondas de transformação digital que afetam todas as organizações. Assim, a partir de 2012, todo o nível executivo da Universidade trabalhou para criar uma nova estratégia, e uma parte importante disso foi o "moto" que nós escolhemos: “Driving the digital fronteer”. Foi uma indicação clara de que queríamos fazer as coisas de maneira diferente e melhor do que a maioria neste aspecto digital. Essa foi a agenda 2020 da universidade. Era uma aspiração, não havia um plano detalhado.

A partir daí, fomos, com minha equipe, preparando planos anuais e trianuais sobre tecnologia e inovação digital, que foram atualizados durante todos esses anos. As aspirações continuam as mesmas, mas os planos estão abertos e, a cada três anos, reescrevo uma estratégia digital que tem um capítulo anual.

Qual foi o processo e quais os passos seguidos para alcançar a meta de construir essa agenda?

O processo foi basicamente entender qual era a situação naquele momento e o objetivo final, e tentar entender e traçar o caminho que deveríamos seguir em direção ao futuro, além dos componentes com os quais tínhamos que trabalhar. Obviamente, uma questão central era trabalhar minha equipe, lidar com as questões culturais da equipe que recebi – formado na época por 250 pessoas e hoje por 450 -, e com certos problemas de foco em certas coisas. A equipe veio de uma administração que via a tecnologia como nada mais do que um suporte, e não como uma força para a mudança, então tivemos que fazer muitas mudanças culturais, incorporar novas disciplinas, trocar pessoas em alguns casos, tudo para dar à equipe a força de trabalho que precisava.

Por outro lado tive que trabalhar com a organização e foi um trabalho político muito importante, no sentido de conseguir um ‘novo lugar’ para a disciplina de tecnologia e a área digital que não fosse o tradicional. Por muito tempo fui a única pessoa na Austrália, e acho que ainda sou a única no setor universitário que, sendo responsável pela área digital, tem um lugar na mesa executiva. Em todos os outros casos, a função de TI está um nível abaixo, que não participa na tomada de decisões estratégicas. Tivemos muito trabalho para conseguir e manter esse lugar e convencer a organização de que uma maneira diferente de trabalhar era possível.

Claro que, além disso, tivemos muito trabalho para entender qual era a realidade da indústria em termos de inovação, ferramentas, plataformas e imaginar algo melhor, pensando no que era possível fazer em um certo tempo e que nos colocaria à frente dos demais. Foi muito sobre sonhar, se inspirar e apresentar projetos muito ambiciosos que, hoje posso dizer, nos deram uma vantagem formidável em comparação com outras universidades nacional e internacionalmente, é claro.

Quais assuntos você destacaria como os mais relevantes desta agenda de transformação digital?

Eu sempre digo que a tecnologia, que a parte tecnológica, é a parte fácil e a parte complexa é quando temos que incorporar a parte humana. O que eu quero dizer é que todo o processo de gerenciar pessoas, interagir com pessoas ou criar influência é a parte difícil. Como eu disse antes, colocar minha equipe no lugar certo, com todas as capacidades e com todas as oportunidades necessárias, foi um trabalho muito grande. Criar a influência e colocar nossa área no mais alto nível da organização, para operar com planos ambiciosos, sempre requer um enorme esforço político. Ter influência em toda a organização, para realmente tornar a agenda realidade, também é vital; todo o gerenciamento da mudança, o modo de se comportar e entender as coisas que a organização tem é central.

Eu sempre digo que a resposta à disrupção digital ou ao processo de transformação digital não é tecnológica, é primeiro filosófica. Você tem que começar a entender as coisas de uma maneira diferente, e esse será um dos tópicos da minha apresentação em TICAL. Claramente, a filosofia e a forma como a organização entende esse processo é fundamental. Se uma organização está preocupada apenas em melhorar a tecnologia, ela não irá a lugar nenhum. É necessário mudar o DNA e realmente responder ao ambiente de uma maneira completamente diferente do ponto de vista organizacional. Assim, a mudança é principalmente filosófica e depois tecnológica.

É possível imaginar uma universidade sem as TIC?

A verdade é que não. É realmente muito difícil tentar imaginar qualquer coisa, quanto mais uma organização sem um núcleo de tecnologia que possibilite e torne a operação possível. Em particular, tenho uma visão muito específica sobre o modelo universitário, mas para entender minha visão é necessário entender que o modelo universitário em que trabalho é muito desenvolvido; temos muitos recursos para investir em tecnologia, e é por isso que estamos muito mais próximos da visão que vou propor. Mas acho que no futuro, em não muitos anos, a experiência universitária se tornará completamente disruptiva. O jogo vai mudar completamente quando chegarmos a uma maturidade adequada no que diz respeito a tecnologias como AI, realidade aumentada, tecnologia contextual... todas estas coisas irão convergir em um modelo que vai fazer a experiência da faculdade ser muito maior na sala de estar de sua casa do que em um lugar físico em uma universidade física.

Acredito que os dias dos campi físicos e das universidades físicas estão contados. Haverá exceções, mas o modelo universitário, o modelo de ensino do futuro, no meu ponto de vista, terá duas características: será totalmente digital e remoto, e altamente personalizado, baseado em agentes inteligentes e realidade aumentada. Algo que nenhuma universidade, nenhuma entidade, foi capaz de fazer até agora, que é fornecer ensino altamente personalizado em um nível massivo, essas tecnologias que eu mencionei antes o farão; a universidade tradicional, a que conhecemos hoje, será uma experiência ruim em comparação com o que será possível no futuro. Portanto, não só não é possível imaginar uma universidade sem tecnologia hoje, mas as tecnologias da informação causarão uma total disrupção no modelo universitário nos próximos anos.

Quais são suas expectativas com respeito a TICAL2018 e o que podemos esperar de sua apresentação?

Bem, durante treze anos estive longe da América Latina, do ponto de vista profissional. Embora eu viaje com frequência por motivos pessoais, não tenho conhecimento da realidade profissional nesta região, por isso será muito interessante entrar em contato e complementar minha visão. Viajo pelo mundo para diferentes conferências e confesso que preciso completar essa visão com a experiência latinoamericana.

Sobre minha apresentação, acho que posso fornecer uma perspectiva muito interessante. Junto com minha organização e equipe estamos fazendo coisas realmente interessantes nos últimos anos, ganhamos muitos prêmios em nível global em termos de inovação e, com nossos sucessos e erros, aprendemos muito nesse processo. A contribuição da experiência é fenomenal. Tenho certeza de que poderei apresentar uma perspectiva muito provocativa e interessante.

 

No marco de BELLA: Novos circuitos melhoram disponibilidade da rede Ipê nas regiões Norte e Sudeste

A capacidade da rede acadêmica brasileira, a rede Ipê, não para de crescer e a ativação de novos circuitos em maio trouxe mais disponibilidade para a rede nas regiões Norte e Sudeste do país. O primeiro foi o enlace que liga Manaus (AM) ao Distrito Federal, que recebeu um upgrade e passou de 1 Gb/s para 3 Gb/s. O outro caso foi a ativação de um novo circuito de 10 Gb/s entre o Distrito Federal e São Paulo.

Reconhecimento

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